As Bruxas de Zugarramurdi | Las Brujas de Zugarramurdi
Las brujas de Zugarramurdi, de Álex de la Iglesia
.:: 38ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ::.
O que está acontecendo com Álex de la Iglesia? Um dos cineastas espanhóis mais descolados do cinema contemporâneo não acerta uma desde que lançou “Crime Ferpeito” há dez anos. Desde então, fez alguns projetos televisivos sem expressão, o seu primeiro filme falado em inglês (o regular “Enigmas de um Crime”) e “Balada do Amor e do Ódio”, que acerta na estética rebuscada e erra ao contar uma boa história. Ainda inédito no país, “La chispa de la vida”, com Salma Hayek, também não provocou reações calorosas por onde passou.
“As Bruxas de Zugarramurdi” tem um início sensacional. Em um roubo a uma loja de penhores em plena luz do dia, José (Hugo Silva), o seu filho pequeno Sergio (Gabriel Delgado) e seus capangas se fantasiam de personagens bem populares, como Jesus Cristo, Minnie e Bob Esponja. O efeito cômico causado por essa gag visual é tão eficiente que a expectativa é que as gargalhadas que nos são arrancadas neste instante se repitam ao longo do filme. Definitivamente, não é o que acontece.
Fugindo da polícia após o tiroteio resultante de seu plano mal elaborado, José obriga o taxista Manuel (Jaime Ordonez) a conduzi-lo junto com o seu filho e Tony (Mario Casas) para bem longe da cidade. Claro que Silvia (Macarena Gomez), ex-mulher de José, fica furiosa ao ver o episódio sendo televisionado, indo ao encontro deles ao mesmo tempo em que os policiais Calvo e Pacheco (Pepon Nieto e Secun de la Rosa) a seguem. A parada será em uma vila povoada por uma sociedade de bruxas lideradas por Marichu (Terele Pavez) sua filha Graciana (Carmen Maura) e sua neta Eva (Carolina Bang, linda de morrer).
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Desenvolver uma comédia de horror em tom debochado é um risco no qual nem todos são capazes de embarcar. Como exemplo bem-sucedido, Sam Raimi voltou as suas próprias raízes com “Arraste-me para o Inferno”, obra que remete ao estilo de “Evil Dead” cercada de inteligência ao inserir a sua história de maldições infernais no mercado competitivo de trabalho. Já um modelo que não deu certo foi “Virginia”, último filme de Francis Ford Coppola que falha em muitos sentidos. Em “As Bruxas de Zugarramurdi”, Álex de la Iglesia permanece preso a um período de pouca criatividade que o faz se contentar a entregar uma produção tola, arrastada e sem um pingo de imaginação.
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